sábado, 9 de julho de 2011

Grávidas perante Mitos e Crenças

82 por cento das grávidas mudam comportamentos face a mitos

Investigadora Maria Fátima Martins premiada com a melhor comunicação pela OEP

Evitar fios ou cintos para a criança não nascer “esganada” com o cordão umbilical. 

Não usar chaves nem beber por copos rachados, pois o bebé pode nascer com lábio cortado.

Não comer polvo, porque pode provocar aborto ou manchas.

Coser roupa vestida ou usar alfinetes pode trazer complicações à criança. 

Evitar funerais pois o feto pode morrer, ficar amarelo, mudo, com espírito do falecido e acreditar que se a barriga estiver empinada é rapaz ou redonda é rapariga são alguns dos mitos que ao longo dos anos têm sido identificados pelas grávidas.

Maria Fátima Martins, da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho (UMinho), foi distinguida recentemente pela Ordem dos Enfermeiros Portugueses (OEP) com o prémio da melhor comunicação livre, que foi apresentada num congresso internacional em Malta, pelo estudo «A Educação para a saúde e as tradições durante a gravidez». A investigação conclui que 82 por cento das mulheres entrevistadas modificaram os seus comportamentos durante a gravidez em função do estabelecido por determinados mitos e crenças.

O projecto teve como objectivo analisar os comportamentos expressos pelas grávidas dependentes de tradições e conhecer a importância que os enfermeiros atribuem às mesmas. “Os resultados podem induzir que os mitos e as crenças são percebidos como elementos de segurança, de protecção, de conservação, de fé e de tradição que é necessário manter”, referiu.
Segundo Maria Fátima Martins, “verificou-se que os enfermeiros, durante as consultas de vigilância pré-natal, raramente abordam a temática dos mitos, das crenças ou das tradições. Esta omissão leva a que as mulheres vivam a sua gravidez num clima permanente de ansiedade, de medo ou mesmo de insegurança”.

O trabalho deu origem ao livro «Mitos e Crenças na Gravidez – Sabedoria e Segredos Tradicionais das Mulheres de Seis Concelhos do Distrito de Braga», de 340 páginas, editado pela Colibri.

Alguns dos mitos ainda adoptados defendem que não se deve comer polvo e evitar fios, cintos ou funerais, que cara com sardas é menino, cara limpa é menina; subir a escada com pé direito é sexo masculino, pé esquerdo é feminino; ser proibido cheirar flores, senão o bebé pode nascer com uma flor no corpo, marcas ou manchas; se a grávida não comer o que deseja, a criança pode nascer com a boca aberta ou com o cabelo “espetado”; uma mulher grávida recusar ser madrinha, pois pode provocar a morte do bebé que está na barriga ou do que vai ser baptizado; se ao amamentar deitar restos de comida ao lixo e um animal fêmea prenha os comer, a mãe pode ficar sem leite; entre outros.
 
Sobre a investigadora:
Maria Fátima Silva Vieira Martins, de 47 anos, é natural de Amares e professora na Escola Superior de Enfermagem (ESE) da UMinho. Licenciou-se em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica pela Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian em Braga, tirou o mestrado em Sociologia da Saúde e é doutoranda em Sociologia, também pela UMinho. Participou e apresentou comunicações/posters em diversos congressos nacionais e internacionais, publicou vários artigos científicos e um livro. Esta distinção valeu-lhe a participação na comitiva da Ordem dos Enfermeiros que se deslocou a Malta para a conferência do Conselho Internacional de Enfermeiros – International Council of Nurses (ICN).

Fonte: Ciência Hoje

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