sábado, 19 de fevereiro de 2011

África: caixote de lixo das vacinas

A organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu organizar várias campanhas de vacinação contra a gripe A em África, tendo já sido iniciadas no Togo e na Nigéria.
Estas campanhas são feitas com os dons de vacinas dos países da Europa e dos Estados Unidos, assim como de alguns laboratórios farmacêuticos. Generosidade desinteressada? 
 
Lembram-se? Logo em Janeiro de 2010 surge a polémica das sobras de vacinas não utilizadas nos países desenvolvidos pela inexistência de epidemia e a sobre-avaliação dos estoques. Pois bem, a maioria das vacinas tinham um prazo de validade que terminava no final de 2010. Era necessário desfazer-se desses milhões de doses.

Com efeito, tanto os governos, como os laboratórios não podem, assim sem mais nem menos, deitar para o lixo todas essas doses excedentárias, é necessário seguir vários protocolos rígidos e sobretudo com elevados custos. Então, num gesto "benemérito" essas entidades decidiram doar as vacinas excedentárias aos países africanos.
 
O transporte, armazenamento e os profissionais de saúde para administrar essas vacinas tem um custo, esse custo é em grande parte suportado pelos próprios países africanos a braços com problemas sanitários muito mais urgentes.

Mas como dizia um representante da OMS: "quando temos dons disponíveis, temos de os utilizar". É verdade, mesmo quando as populações em questão não os pediram e se vêem forçadas a os utilizar.

Os países africanos têm prioridades sanitárias graves, como o paludismo e o continente africano foi dos poucos que não foi atingido pela "pandemia" de gripe A, apenas se registaram alguns casos mais numerosos na África do Sul e com fraca mortalidade.

Aliás, não foi a própria OMS que declarou no dia 10 de agosto de 2010 que a pandemia tinha acabado? Então porquê vacinar países onde não foi registada a doença? A OMS responde que "ainda pode existir algum risco, sobretudo nos países africanos onde as populações são mais frágeis"!

Será lícito, que para despachar, a menor custo, o excedente de vacinas, obrigamos uma população inteira a uma vacinação sem a avaliação da sua pertinência e dos seus riscos? Mais uma vez chegamos à conclusão que os países do hemisfério norte continuam a encarar o continente africano como o seu caixote de lixo.
 
Já não bastava terem feito de África a cobaia da industria farmacêutica, agora é também 'caixote do lixo' e ainda passam por "beneméritos".
 
 
 
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