terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Bisfenol A. Aumentam alertas sobre o tóxico dos plásticos


ASAE francesa recomenda evitar aquecer alimentos a altas temperaturas. Peritos europeus reúnem-se em Abril para rever estudos.
As autoridades mundiais estão a apertar o cerco ao bisfenol A (BPA), um químico presente no plástico e repetidamente apontado como nocivo e potencial causador de cancro e infertilidade. Além dos riscos que lhe estão associados, o BPA está presente em gestos habituais do dia-a-dia como o de beber de uma garrafa de plástico ou de um biberão. Na sexta-feira passada, a ASAE francesa admitiu que há "sinais de alerta" sobre os efeitos tóxicos do químico presente em biberões, enlatados, garrafas de plástico e chupetas. Antes deste alerta, já a Agência Europeia para a Segurança Alimentar (AESA) tinha ouvido as preocupações da Food and Drug Administration (FDA) - agência que regula comida e medicamentos nos EUA - sobre os efeitos do BPA nos fetos e em crianças e agendou uma reunião com todos os estados- -membros para o início de Abril. A AESA admite a "relevância de um novo estudo sobre os possíveis efeitos no desenvolvimento neurológico do BPA" e compromete-se a rever a dose diária tolerável no organismo se necessário.

Um relatório da Agence Française de Sécurité Sanitaire des Aliments (AFSSA) recorda aos consumidores que devem "evitar aquecer a altas temperaturas alimentos em biberões e recipientes em policarbonato [plástico que contêm BPA]", embora não fixe uma temperatura máxima recomendada.

Com base numa experiência em ratinhos, os peritos franceses apontam para a existência de riscos na exposição in utero e pós--natal, mesmo numa dose inferior "à tolerável fixada pela AESA" - 50 microgramas/kg /dia. Vários estudos apontam que o BPA imita a actividade das hormonas naturais alterando o equilíbrio endócrino. Esta mudança pode elevar os riscos de danos cerebrais estruturais, obesidade, problemas reprodutivos, cancro, doenças cardiovasculares e perturbações comportamentais.

A comunidade científica ainda não é consensual sobre como o contacto dos alimentos com o BPA afecta as pessoas, mas vários estudos referem que os plásticos de poli-carbonato riscados e a exposição a altas temperaturas são factores que podem aumentar o risco de migração do BPA para os alimentos. Contactada pelo i, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) disse considerar "a recomendação da AFFSSA uma medida preventiva" e garante que "não há risco para o consumidor em condições correntes de uso". Ainda assim, admite rever a matéria na reunião europeia em Abril.No Canadá, o uso do BPA foi proibido nos biberões em 2008. Os EUA autorizam-no, mas as empresas passaram a produzi-los sem bisfenol A, depois de uma recomendação da FDA nesse sentido. Após detectar BPA na urina de 90% dos americanos, a administração Obama deu 30 milhões de dólares para investigar a substância. A FDA divulgará as conclusões finais dentro de 24 meses.
Por Sandra Pereira, Jornal I

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