quarta-feira, 25 de maio de 2011

As bactérias intestinais e o cérebro


Bactérias intestinais interferem com química do cérebro

Acontece nomeadamente nos casos de ansiedade e de depressão


 De acordo com um estudo publicado na revista “Gastroenterology”, as bactérias intestinais podem influenciar a química do cérebro e o comportamento, nomeadamente nos casos de ansiedade e de depressão.

Esta conclusão é apontada, pela primeira vez, por cientistas da McMaster University, no Canadá, e pode tornar-se de maior relevância tendo em conta vários tipos comuns de doença gastrointestinal, incluindo a síndrome do intestino irritável, que são frequentemente associados a ansiedade ou a depressão.
Algumas doenças gastrointestinais são associadas a ansiedade ou depressão

 Além disso, há investigadores que acreditam que alguns transtornos psiquiátricos, tais como o autismo de início tardio, podem estar associados com um teor anormal de bactérias no intestino.






Pessoas saudáveis têm, normalmente, biliões de bactérias no intestino que realizam uma série de funções vitais para a saúde como recolher energia da dieta alimentar, proteger contra infecções e fornecer alimentação às células do intestino.
  
Nesta investigação foram utilizados ratos adultos saudáveis. Ao alterarem o conteúdo bacteriano normal do intestino com antibióticos, os cientistas verificaram que as cobaias passaram a demonstrar alterações no comportamento, tornando-se menos cautelosas ou ansiosas.

Esta mudança foi acompanhada pelo aumento do factor neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), que tem sido associado à depressão e à ansiedade. Contudo, com a interrupção dos antibióticos, os animais voltaram ao comportamento normal.

Premysl Bercik, um dos investigadores envolvidos neste estudo, referiu que estes resultados são importantes e lançam bases para mais investigações sobre o potencial terapêutico das bactérias probióticas no tratamento de distúrbios comportamentais, especialmente os associados às condições gastrointestinais, tais como a síndrome do intestino irritável.

Fonte: Ciência Hoje

terça-feira, 24 de maio de 2011

Terra 'afunda' em Lisboa e Alverca

Duas zonas da Grande Lisboa - uma perto da estação de metro das Laranjeiras, na capital, e outra na vila de Vialonga (Vila Franca de Xira) - estão a afundar-se alguns milímetros por ano, revela um estudo internacional, que conta com a participação, pela parte portuguesa, de cientistas do Instituto Superior Técnico (IST) e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

   Extracção de águas subterrâneas explica abatimento das terras em Alverca (Foto: Daniel Rocha, in Público)
 Embora não seja grave por agora, o fenómeno pode vir a ter consequências como danos nas casas, em esgotos, linhas de abastecimento de água, electricidade e gás, estradas e caminhos-de-ferro.

A descoberta na Grande Lisboa, num projecto europeu iniciado em 2004 para detectar a deformação do terreno em diferentes cidades europeias através de imagens de satélite, revelou-se uma surpresa. É a primeira vez que o afundamento do solo - ou subsidência - é detectado numa zona urbana em Portugal, escreve a equipa de cientistas num artigo publicado, na terça-feira, na edição online da revista Remote Sensing of Environment. "Como era uma situação com impacto, levámos mais tempo a confirmar", conta Sandra Heleno, geofísica do IST e primeira autora do artigo. "Só quando estávamos convencidos de que a subsidência estava mesmo a acontecer é que publicámos [os resultados]."

Os dados indicam que é na zona de Vialonga - por onde passam as duas principais ligações terrestres entre Lisboa e o Porto, a Auto-Estrada n.º 1 (A1) e a Linha do Norte da CP - que o afundamento tem sido mais intenso. Dentro da zona afectada ficam as portagens da A1 em Alverca.

Entre 1992 e 2003, o solo afundou-se, em média, 13 milímetros por ano em Vialonga - o que dá cerca de 15 centímetros nesses 11 anos, na parte mais afectada. Outros dados para Vialonga indicam que a velocidade do fenómeno, entre 1992 e 2006, foi de nove milímetros por ano, em média - o que significa que, nesses 14 anos, a zona se afundou cerca de 13 centímetros.

"O facto de Vialonga ser uma zona atravessada por linhas importantes, como a auto-estrada e a ferrovia, e por ser mais próxima do Tejo, em que o risco de inundações pode agravar-se com a subsidência, mostra como é importante dar atenção ao problema", diz Sandra Heleno. "Mas não quero causar alarme."

Águas subterrâneas

Para Vialonga, uma zona industrializada, a equipa conseguiu determinar a causa do problema: a exploração em excesso de águas subterrâneas. "Várias fábricas, de empresas internacionais de bebidas, de produtos químicos e agrícolas, operam na região. Geralmente, estas indústrias têm consumos elevados de água", escreve a equipa, acrescentando que as três empresas mais importantes gastam, pelo menos, nove milhões de metros cúbicos de água por ano.

Em 27 anos, o nível das águas subterrâneas na zona de Vialonga baixou 65 metros. "Encontrámos uma relação espacial entre o fenómeno da subsidência e a diminuição do nível da água em furos", realça Sandra Heleno. "A descida da água nos furos indica diminuição da pressão nas camadas geológicas que armazenam a água subterrânea, e esta diminuição de pressão é que causa o afundamento do solo", explica a geofísica.

Em relação à cidade de Lisboa, é perto da estação de metro das Laranjeiras que o afundamento do solo é mais acentuado. Entre 1992 e 2006, a uma média de seis milímetros por ano, atingiu os oito centímetros. Mais lento do que nas Laranjeiras, ao ritmo de quatro milímetros por ano, o fenómeno também afecta a zona da cidade universitária. "Em Lisboa, não classificaria a subsidência como grave. É uma situação em que é necessário dar atenção, quando ainda é possível aplicar medidas de redução do risco de forma atempada", diz a investigadora.

Combate ao problema

Na cidade de Lisboa, o abatimento do solo tem abrandado nos últimos anos. Entre 2003 e 2010, as Laranjeiras passaram a afundar-se à velocidade de cerca de dois milímetros por ano, refere Sandra Heleno, que já apresentou estes resultados numa conferência internacional. "É uma boa notícia."

Desconhece-se a razão por que Lisboa está, naquela zona, a abater mais lentamente, tal como se desconhece sequer a causa do fenómeno em si. A hipótese de que as construções estariam na origem do problema, provocando a compactação das camadas superficiais do terreno, não foi confirmada. "Não encontrámos uma relação entre a evolução da construção desde o início dos anos de 1980 e a subsidência."A hipótese da exploração excessiva das águas subterrâneas vai agora ser estudada no caso da capital - "embora seja menos provável, por não ser uma zona industrial", diz a geofísica.

Tanto em Lisboa como em Vialonga, a área total afectada anda à volta de seis quilómetros quadrados (à volta de 800 campos de futebol). "Estas zonas têm de ser monitorizadas, agora que não temos qualquer dúvida de que há subsidência."

O LNEC considerou vários cenários para evitar o agravamento do problema. "Um dos cenários era a paragem completa da extracção de água na zona de Vialonga em 2010. Haveria um abrandamento da subsidência em 2015", refere Sandra Heleno.

O problema na Grande Lisboa junta-se assim ao de outros casos mundiais, como Las Vegas, Los Angeles, Seattle ou Bolonha. O mais paradigmático é o da Cidade do México, que se afunda quase meio metro por ano.

A Cidade do México fica num gigantesco vale onde outrora existiam vários lagos. A cidade hoje com mais de 20 milhões de habitantes enfrenta muitos problemas com a drenagem da água especialmente na época das chuvas.
O centro político/religioso da Cidade do México foi construído sobre onde existiu durante a civilização Asteca o grande templo de adoração ao sol. Todas as construções pré colombianas foram destruídas para dar lugar a igreja de Guadalupe e o Palácio do Governo e ministérios que ficam em volta de uma grande praça chama de Zócalo.

Mais impressionante foi o que aconteceu no ano passado na Guatemala.
As noticias em Abril do ano passado:
 As autoridades guatemaltecas estão investigando a cratera gigante que se abriu no meio de um cruzamento da capital do país, Cidade da Guatemala. No início, as autoridades anunciaram que as fortes chuvas causadas pela tempestade tropical Agatha teriam causado o buraco que engoliu um prédio de três andares, mas somente um estudo mais aprofundado irá determinar o que pode ter ocorrido.

No último mês de Abril, uma outra cratera de grandes proporções também se abriu na região matando três pessoas.
As autoridades da Defesa Civil da Guatemala elevaram nesta segunda para 113 o número de mortos como consequência da depressão tropical Agatha, enquanto o número de desaparecidos chega a 54. Alejandro Maldonado, diretor da Coordenadoria Nacional para a Redução de Desastres (Conred), disse aos jornalistas que 59 pessoas sofreram ferimentos graves.
No entanto, as equipe de resgate, autoridades locais e moradores reportaram às rádios locais que encontraram corpos em meio aos escombros de casas que desabaram e soterradas por deslizamentos de terra provocados pelas chuvas. O relatório da Conred informa que 111.964 pessoas foram retiradas de suas casas, 29.245, transferidas para albergues temporários e 21.465 estão em regiões consideradas de risco.
 Fontes: Jornal 'Público' e 'Google'.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

TSUNAMI EM LISBOA

Estudo sugere que caso um tsunami atingisse Lisboa, 200 mil pessoas de noite e 400 mil se fosse de dia, seriam afectadas.

Se durante a noite Lisboa fosse atingida por um maremoto, 200 mil pessoas seriam atingidas. Durante o dia, esse número duplicaria. Esta é a conclusão do estudo sobre a população da Área Metropolitana de Lisboa (AML) exposta à inundação em caso de tsunami, apresentado no dia 11 de Maio no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, na capital portuguesa.

Zonas de maior risco de inundação assinaladas a vermelho neste mapa (Foto: DR)

Como explicou ao jornal PÚBLICO o autor da investigação, Sérgio Freire, a diferença nos números "deve-se essencialmente aos movimentos pendulares da população, motivados por razões de trabalho ou estudo entre os períodos nocturnos e diurnos".

De acordo com o estudo, oito por cento do total da população da AML reside, trabalha, ou estuda em zonas susceptíveis de inundação em caso de tsunami.

Os resultados sugerem ainda que o aumento de população potencialmente exposta da noite para o dia é mais significativo nas zonas de perigo elevado, como as zonas ribeirinhas de Lisboa, Alfeite e Barreiro.

Para Sérgio Freire, colaborador do e-GEO - Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional, os resultados da investigação podem ser úteis para se ter "uma noção de quantas pessoas terão de ser transferidas em caso de tsunami".

O autor do estudo espera também que estes números sirvam para alertar a população lisboeta. " É importante sensibilizar a população, que, por viver numa zona fora de risco, não está consciente de que trabalha ou estuda numa área de alto risco de inundação por tsunami".

Para chegar a estas conclusões, o geólogo cruzou dados recolhidos pelo Censos 2001 sobre as áreas de residência da população, o mapa das zonas mais susceptíveis à inundação por tsunami e, ainda, dados de 2003 do INE, sobre a mobilidade de pessoas que residem num concelho e que se deslocam para outro, durante o dia.

Com os números do Censos 2011, o autor acredita que os dados poderão sofrer algumas modificações. "Acho que vai ser diferente, porque a AML sofreu alterações importantes. Há uma série de novos centros comerciais, escritórios e moradias que em 2001 ainda não estavam desenvolvidos", argumenta.

Segundo o autor, o estudo, que faz uma representação da distribuição da população num dia típico da semana, será ainda alvo de alguns desenvolvimentos, com o intuito de obter dados mais concretos e actuais.

Fonte: Jornal PÚBLICO
Foto:   GOOGLE
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