terça-feira, 8 de setembro de 2009

Julgai e estai preparado para serdes julgado

O preceito " Não julgueis para não serdes julgados" é uma abdicação de responsabilidade moral: é um cheque moral em branco que uma pessoa dá aos outros em troca de um cheque moral em branco que uma pessoa espera receber para si própria. Não há fuga possível ao facto de os homens terem de fazer escolhas, não há fuga possível aos valores morais; desde que os valores morais estejam em jogo, não é possível uma neutralidade moral. Abstermo-nos de condenar um carrasco é tornarmo-nos cúmplices da tortura e assassínio das suas vítimas. O Princípio moral a adoptar é: "Julgai e estai preparado para serdes julgado."
Ayn Rand

Na verdade, o que Jesus disse por inteiro foi:

-Não julgueis para não serdes julgados.
Pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos.
Por que reparas no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?
Como ousas dizer ao teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, tendo tu uma trave no teu?
Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão.(Mateus 7:1-5)

Rand interpretou Jesus de forma completamente errada. O princípio que Ele exalta não é a neutralidade moral ou um cheque moral em branco, e sim um aviso contra a severidade hipócrita e os "julgamentos precipitados." Há uma longa tradição nesta linha de pensamentos sobre leis e costumes Judaicos chamada Mishnah: "Não julgueis o vosso semelhante até vos encontrardes na posição dele" (Aboth 2:5); "Quando julgardes qualquer homem, carregai a balança a favor dele" (Aboth 1:6)
Em: POR QUE ACREDITAM AS PESSOAS EM COISAS ESTRANHAS
( Pseudociência, Superstições e outras Confusões do nosso tempo)
De Michael Shermer, da Editora Replicação, Lda

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Fardo do Cepticismo


Parece-me que o que é preciso é um equilíbrio delicado entre duas necessidades em conflito: o escrutínio mais céptico de todas as hipóteses que se nos deparam e, ao mesmo tempo, uma grande abertura a novas ideias. Se formos apenas cépticos, as novas ideias não chegam até nós. Nunca aprendemos nada de novo. Tornamo-nos nuns velhos caprichosos, convencidos de que os disparates governam o mundo. (Há, evidentemente, muitos dados que apoiam esta teoria.)
Por outro lado, se formos abertos a ponto de sermos ingénuos e não tivermos nenhum sentido céptico, não somos capazes de distinguir as ideias úteis das ideias sem valor. Se todas as ideias tiverem igual validade, ficamos perdidos, porque então, segundo me parece, nenhumas ideias terão qualquer validade.

Carl Sagan, Pasadena,1987
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